COMO CONHECER A HISTÓRIA DA MULHER NA TI
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NOÇÃO ACERCA DA HISTÓRIA DA MULHER NA TI
A construção da ciência é fundamentada em uma burguesia masculina, voltada apenas para si, sem se preocupar com a sociedade em geral. Como Schiebinger (2001) diz, a ciência exclui a mulher há centenas de anos, e a inserção delas será feita com grandes mudanças da cultura e métodos. De acordo com Rapkiewicz (1998a), a participação da mulher na história é apagada como em qualquer outra ciência, destacando apenas os feitos masculinos. O diferencial na informática é que as mulheres tiveram uma grande representação nos primórdios, mas essa história não é muito explorada.
Para Lubar (1998) parecia que pelo fato de que as mulheres na época das criações dos primeiros supercomputadores eram normalmente matemáticas que auxiliavam os cientistas no serviço de computar ou fazer grandes cálculos científicos, seriam as maiores usuárias das máquinas. De acordo com Rapkiewicz (1998b), a maior contribuição da mulher na história da informática se deu no desenvolvimento de software e aponta esse como um dos motivos da invisibilidade delas, pois o maior destaque se deu à evolução do hardware.
Rapkiewicz (1998a) destaca o nome de Ada Byrom como a primeira mulher a desenvolver um software. Ada foi a pioneira no desenvolvimento de algoritmos que permitiam que as máquinas computassem funções matemáticas, mas apenas em 1980 as anotações foram reconhecidas como a base do primeiro programa. Além disso, ela criou várias técnicas de programação usadas até hoje, como o comando condicional, operadores, matrizes e loops, assim como o uso do sistema binário ao invés do decimal. Apesar de todos esses feitos, ela é conhecida como a ajudante de Babbage na documentação de suas ideias e, apesar de sua mãe ser matemática também, é lembrada como filha de Lord Byron, o poeta.
Outra mulher muito importante para o desenvolvimento da programação foi Grace Murray Hopper. De acordo com Maisel (2002) em Harvard ela trabalhou no desenvolvimento de uma série de computadores chamados Mark I, II e III, pelo qual ela recebeu o prêmio Naval Ordinance Development Award. Ela idealizou o conceito de sub-rotinas por volta de 1944 que ainda são usados na programação atual. De acordo com Plant (1999), ela é a criadora do termo bug e debug por causa de uma mariposa que apareceu em uma das fitas do Mark I e pela retirada, solucionando o problema. Ela também desenvolveu a ideia de um programa que ajudava o desenvolvedor a criar outros programas, conhecido hoje como compilador, de acordo com Gürer (2002). Em 1952 Grace começou a produzir uma série de compiladores conhecidos A-0, A-1, A-2, A-3 quando essa última versão foi finalizada ela recebeu um nome mais comercial: MATH-MATIC. Hoper achava que as linguagens devem ser de mais fácil entendimento humano, então desenvolveu uma linguagem baseada em inglês estruturado, como são as de alto nível hoje em dia. Assim foi criada a linguagem FLOW-MATIC, que foi muito utilizada na época. Essa linguagem deu origem à COmmon Business Oriented Language (COBOL), que é uma linguagem comum orientada a negócios utilizada até hoje.
Outro papel importante da mulher na história da computação foi no desenvolvimento do ENIAC, de acordo com Gürer (2002). Esse foi o primeiro computador eletrônico do mundo que foi desenvolvido por seis mulheres que faziam parte do corpo voluntário feminino para emergências (WACS) na Segunda Guerra, onde suas funções eram fazer grandes cálculos balísticos que nunca haviam sido feitos antes, então não tinham referências.
Apesar das mulheres terem maior conhecimento matemático, mais práticas e habilidosas que os homens, e serem maioria no projeto, eles que tem seus nomes lembrados como criadores. Esse computador não ficou pronto na Segunda Guerra Mundial sendo usado depois para cálculos nucleares como na bomba de hidrogênio.
As mulheres estiveram presentes na história da TI desde o começo dela como visto. Hoje essa importante participação não é lembrada. Ainda assim elas continuam trabalhando em empresas de tecnologia mas em um número bem reduzido, ocupando normalmente cargos de análise, ou liderança, na área de desenvolvimento esse número é menor ainda.
Parte do artigo desenvolvido como Trabalho de Conclusão de Curso, requisito para obtenção de título de Tecnólogo em Análise e Desenvolvimento de Sistemas na Faculdade Monteiro Lobato (FATO).
GÜRER, D. Women in computing history. ACM SIGCSE Bulletin, New York, v. 34, n. 2, p. 116-120, June, 2002.
LUBAR, S. Men/woman/production/consumption. Charlottesville: University Press of Virginia, 1998.
MAISEL, M. Admiral Grace Murray Hopper. 2002. Disponivel em: <https://www.sdsc.edu/ScienceWomen/hopper.html>. Acesso em: 08 out. 2014.
PLANT, S. Mulher digital: o feminismo e as novas tecnologias. Rio de Janeiro: Rosa dos Ventos, 1999.
RAPKIEWICZ, C. E. Femina computationalis ou a construção do gênero na informática. 1998a. Tese (Doutorado em Ciências em Engenharia de Sistemas e Computação) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1998.
SCHIEBINGER, L. O feminismo mudou a ciência? Bauru: EDUSC, 2001.